
O crescimento desordenado da energia solar pode sair caro para o Brasil
3 minutos de leitura

Por Marcos Madureira, presidente da Abradee
No último Dia dos Pais, o Brasil quase viveu um colapso no fornecimento de energia elétrica.
Em apenas alguns minutos, a geração de energia solar conhecida como micro e minigeração
distribuída (MMGD), produziu tanto que o Operador Nacional do Sistema (ONS) teve de
desligar praticamente todas as usinas eólicas e solares centralizadas, além de reduzir o uso das
hidrelétricas. Sobrou uma margem mínima de manobra, de cerca de 2 gigawatts, para evitar o
apagão.
Esse episódio foi mais um alerta ao sistema elétrico brasileiro. Ele mostrou que o crescimento
acelerado da MMGD, como está acontecendo hoje, traz riscos reais de segurança e de
aumento de custos para todos os consumidores. O sistema elétrico precisa funcionar como
uma balança em equilíbrio permanente entre oferta e demanda. Só que, além desse equilíbrio,
é necessário manter a tensão, a frequência e a estabilidade da rede. Quando milhões de
pequenos geradores injetam energia ao mesmo tempo, sem que o operador tenha visibilidade
ou instrumentos de coordenação, a rede fica frágil. É como dirigir um carro em alta velocidade
sem freio: qualquer imprevisto pode causar um acidente.
Há quem afirme que os problemas se resolvem apenas com mais linhas de transmissão. Esse é
um equívoco perigoso. O episódio recente deixou claro que não basta reforçar a transmissão:
mesmo que se construam novas linhas, a MMGD continuará pressionando o sistema, porque
ela não oferece ao operador os recursos de estabilidade que as grandes usinas entregam. Além
disso, construir infraestrutura de transmissão apenas para absorver a geração distribuída seria
economicamente inviável, já que significaria destinar bilhões de reais a obras que não
resolvem a raiz do problema. Esse custo, inevitavelmente, acabaria recaindo sobre todos os
consumidores, inclusive aqueles que não têm condições de instalar painéis solares.
Portanto, a MMGD, da forma como avança hoje, gera distorções. Ela transfere custos de
manutenção e reforço da rede para quem não possui geração própria e, ao mesmo tempo,
expõe o sistema a riscos de instabilidade. Isso não é justo nem sustentável. Por isso,
precisamos de regras modernas que condicionem a expansão da geração distribuída a critérios
técnicos claros, que tragam equilíbrio ao sistema e garantam que os custos sejam arcados de
maneira adequada.
O Brasil precisa agir com responsabilidade, para que a transição energética não comprometa a
segurança elétrica nem onere ainda mais a conta de luz dos brasileiros. Esse é o debate que
precisamos enfrentar com franqueza: o crescimento da MMGD precisa ocorrer dentro de
limites que respeitem a rede e a coletividade. Sem isso, corremos o risco de trocar um futuro
sustentável por um presente instável e caro.
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